E do Fogo, da Água e do Ar.
Eu participei em Agosto de 2023, de um treinamento chamado: Laboratório de Possibilidades, Mulheres da Terra. Aconteceu em Portugal. Nesse treinamento eu descobri o poder do feminino. Eu atualizei o que eu entendo por 'feminino'.
Nesse treinamento eu me relembrei sobre o Fogo que brota do Amor e da Clareza em meu coração. Eu incendiei junto a mais 26 mulheres o Patriarcado em nós.
Primeira sessão. Uma linha. Não de chegada. De inicio.
Para trás dessa linha todas nós sentadas. No Patriarcado. Não por escolha consciente. Mas por pensar que não há outra opção.
"Mas eu não sou perfeita, não posso exigir tudo isso. Sou muito radical com o quero, melhor abaixar a bola. Estou fazendo certo? Será que tenho que sentir alguma coisa? Será que tenho que dizer algo? Essas mulheres estão fazendo melhor do que eu, tenho que fazer melhor. Essas treinadoras não sabem o que estão fazendo. Não é possível sair do Patriarcado. Eu vou cruzar a linha, custe o que custa. Vejam como estou fazendo bem. Não, pera, vou deixar outras mulheres irem primeiro, preciso de um exemplo. Não vou arriscar. Hummm. Ahhh. Nãooo. Ok eu vou. Não, eu não vou, e se acharem que eu sou louca?".
Ahhhhhhhhhhhhh.
Esse é um zoom no inferno que estava acontecendo dentro de mim, da pele para dentro, enquanto estava sentada no Patriarcado dentro desse salão de treinamento. O mais dolorido disso foi perceber que todas essas vozes, auto punição, dúvidas, competição, pressão, emoções, não estavam acontecendo apenas ali, naquele salão, mas era o normal para mim. Sobreviver.
Depois de alguns minutos mulheres começam a acessar sua fúria pelo Amor, Vivacidade, Dignidade, Integridade, tempo de vida que sacrificaram para uma idéia que achavam ser a única opção.
Lágrimas, arrepios, gritos, falas de dragões que estavam adormecidos no fundo de cada uma de nós começa a acordar.
Pra depois dessa linha, o desconhecido. Uma Nova Cultura a ser inventada. Criada por nós, Mulheres.
Eu fiquei próxima a essa linha, o Patriarcado, por 3h nesse salão de treinamento (+21 anos de vida).
Sentada, em pé, deitada no inferno que descrevi. Em lágrimas pela morte de potencial. Em fúria pelo tempo e energia colocado em Morte -de Gaia, das minhas irmãs, dos meus irmãos. Em alegria pelas mulheres que a atravessaram e estão em radiância e Vida do outro lado. Em medo pelo que vem. Em alguns momentos colocava um pé depois da linha. Ficava com o pé lado do Patriarcado e o outro pé no Arquiacado. Estava dividida. Percebia a pressão que criava dentro de mim para atravessar aquela linha, para acabar logo, para me consertar e então finalmente poder atravessar, esperando pela autorização de outras mulheres, esperando por aprovação. Esperando para finalmente ser livre. Me pressionava para parar de me pressionar. Colocava o pé no desconhecido e depois tirava, várias vezes. Ainda estava no Patriarcado.
Tinha mais 3 mulheres que não haviam cruzado a linha. Eu estava entre elas. Estava sem saber como cruzar a linha. Olhei nos olhos de uma de minhas irmãs e disse “como, como eu cruzo essa linha, como eu saio dessa pressão. Eu só não sei como viver sem essa pressão”
Ela me disse sendo Amor “você não sentiu raiva suficiente sobre isso. Você ainda não chegou ao ponto de dizer chega! Chega de me torturar! De buscar por mais! Chega de me manipular. Chega de jogar esse jogo.”
Levou 3h para eu encontrar o meu passo para sair do Patriarcado.
O meu passo foi encontrar o Fogo. Deixar queimar em mim. Foi sentir a minha Raiva e deixar o meu dragão rugir.
Fico de pé. Olho nos olhos de minhas irmãs que torcem e gritam “GO!”. Meu dragão em fúria ruge “Eu paro agora e para sempre de me pressionar. Eu estou fora desse jogo. Eu paro de usar essa raiva contra mim. Eu uso essa energia para estar no seu time. Para me divertir. Para estar aqui. Eu sou guardiã de Gaia e eu tomo frente por criar uma Cultura Regenerativa ancorada por Mulheres para Mulheres. Eu tomo frente pelos jovens.”
Eu me apaixonei novamente por ser Mulher e por estar entre Mulheres.
Eu tomei a decisão de experimentar o planeta Terra, com toda a sua beleza natural, surpreendente variedade de pessoas, culturas, sua vastidão de oceanos, cavernas, cânions, montanhas. Pelo próximo ano estou como nômade por países da Ásia e Oceania (talvez Américas). Nesse momento que escrevo estou na Indonésia.
Estou experimentando ser uma Pesquisadora de Culturas e iniciando a construção de um mundo de jogo para preparar jovens para Iniciação a Idade Adulta. O nome desse mundo de jogo é '18 anos, e agora?. Em breve vou escrever sobre isso.
Com Amor e Fúria,
Gabriela Fagundes
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