Cura, prática e uma trilha de pedras para Descontaminação do Estado de Ego Adulto.
Agir no agora para suprir algo que faltou no passado é como beber água para matar a sede que sentiu há 1 ano atrás.
Há um vazio que cresce dentro de mim,
Grande como o oceano, mesmo assim, parece que ninguém consegue ver,
Minha alma está faminta pelo que faltava, sonhando um dia ser livre
Esperando pela reparação que ingenuamente me permitiria ser quem sou.
Então, que mais horror aguarda meu coração partido e ferido?
Recriar o passado no agora, renascer as pessoas que me destruíram?
Um vazio está agora dentro de mim, um vazio que está me comendo inteiro,
Dia após dia, esses sentimentos reprimidos sobre o que não aconteceu engolem minha terna alma.
Esse vazio parece comer tudo
Meu futuro, meu agora, meus relacionamentos, todos aqueles que amo, minha primavera
Como um todo negro insaciável, me comendo lentamente por dentro
Esperando um dia estar completo, isso pode ser sentido na pele.
Eu estive procurando maneiras de castigar os fantasmas, de consertar o passado
Mas esta é uma bagunça que nunca será reparada, o elenco desaparecido
O jeito é deixar o passado no passado
Sentir e expressar a dor, aceitar, e recomeçar.
Quando você é atingido fisicamente, quando você tem um corte profundo no seu braço, por exemplo, depois do processo de cicatrização, fica uma marca. Você consegue ver que algo aconteceu ali. Você consegue se lembrar do que aconteceu.
Na sua infância aconteceram eventos que foram como um corte, você tem a memória deles, a cicatriz: quando as pessoas te dizem que o seu sorvete caindo no chão não era motivo suficiente pra você ficar triste ou com raiva, quando seu pai te bateu porque você fez algo diferente do que ele esperava, quando seus pais estavam brigando e criando o inferno na sua casa, quando seu colega na escola te humilhou, quando você foi forçado a ir para escola, quando seu pai alcoólatra chegava em casa bêbado todas as noites, quando você foi sexualmente abusada... e assim por diante.
Esses eventos traumáticos e não processados criaram cicatrizes no seu Ser e no seu Coração. São coisas que aconteceram e que influenciaram a construção do seu sistema de engenharia de sobrevivência. Para cada evento traumático você criou uma resposta criativa e funcional para a pergunta: Como uma pessoa como eu, se dá bem em um mundo assim, com pessoas como essas?
Mesmo que muitos desses eventos traumáticos não nos recordamos como adultos, eles estão adormecidos na memória, e eles influenciam profundamente nossa vida hoje. O passado regendo o presente.
Você recria o previsível e familiar, por mais que esse previsível e familiar não seja o que você quer criar hoje. Nossa estratégia de sobrevivência fica ativa, mesmo que as circunstâncias hoje sejam completamente diferentes das do passado.
Para esses tipos de eventos que aconteceram, Processos de Cura Emocional são milagrosos e recomendados. Nesses processos você usa a energia dos sentimentos que ficaram congelados no seu corpo, como emoções, para fazer catexis. Catexis significa usar a energia para transformar. Você expressa as emoções com uma outra consciência testemunhando você e navegando o espaço, um spaceholder. A partir disso você usa a energia para transformar, para fazer uma nova decisão, para cortar cordões energéticos, para colocar um limite que não foi colocado, para remover um bloco energético, para mudar de identidade.
E qual o tipo de processo de cura para o que não aconteceu? Para elementos essenciais que faltaram na sua infância? Como por exemplo a falta de toque e contato físico, a ausência de um espaço seguro para sentir e se expressar, a falta de sintonização, presença, segurança, consistência, Amor, aventura, necessidades relacionais não supridas...
Como você se lembra do que faltou se isso nunca aconteceu? Como é o processo de cura do que nunca esteve lá? Qual o processo de cura do vazio?
Relato de uma pessoa, em uma sessão:
"Quando criança eu era bem sozinha. Meu pais estavam sempre bem ocupados. Não tinha ninguém para estar lá comigo, para me abraçar, para me tocar, para sintonizar comigo e amparar espaço para o que eu sentia. Eu senti o que eu senti sozinha.
Eu sinto hoje esse vazio, esse oco no meu peito, a falta de Conexão e Amor . E agora que eu terminei com meu relacionamento de 6 anos, é como se fosse uma morte, uma perda gigante. Ela estava preenchendo esse vazio e agora não sei como viver sem ela.
Qual o tamanho dessa perda, em km?
É do tamanho do oceano. Do tamanho do mundo.
Minha mãe dizia que me amava, mas eu não conseguia sentir a presença dela, ela não estava lá para mim. Tinha muito pouco espaço nela. Eu me sentia da mesma forma com a minha antiga parceira. Tudo que ela fazia, parecia que não era suficiente para eu me sentir amada
Wow, quão confuso deve ter sido para você como criança, ouvir da sua mãe que ela te amava, no entanto nas ações era algo completamente diferente"
Hoje como adulto, você pode estar inconscientemente tentando preencher essas lacunas, esse vazio, isso que faltou para você na sua infância com uma pessoa amada, com seus filhos, com trabalho, com drogas. Quando você tenta suprir algo que não aconteceu no passado, no presente, é como se você estivesse recriando um fantasma faminto infinito que nunca está satisfeito.
Você sentiu muita sede um ano atrás quando você estava em uma longa caminhada no deserto, e faltou água para você. Você ficou com sede por 3 dias. Hoje, ao se lembrar dessa sede, você pega uma garrafa de 2 litros e começa a beber de uma vez, acreditando que isso vai matar a sede que sentiu ano passado. Você faz algo hoje para suprir essa necessidade do passado que não foi suprida.
Agir no agora para suprir algo que faltou no passado é como beber água para matar a sede que sentiu há 1 ano atrás.
Ao beber essa água, você se enche de esperança de que vai reparar o que não aconteceu, de que vai parar de sentir esse vazio no seu peito. Você tem a ilusão de que o oco no seu coração e essa sede por Amor e Conexão será saciada em um relacionamento.
Em algumas linhas terapêuticas, como uma parte da Análise Transacional, por exemplo, descreve processos de auto reparo e re-parentalidade. Eles trazem o conceito de que a cura do que não aconteceu está em prover hoje, como adulto, essas necessidades que não foram supridas no passado, algo como 'alimentar sua criança interior'.
Na minha experiência esse caminho é um tiro no pé.
Mudar o passado é ir contra as leis da natureza. Ao seguir esse caminho você está lutando contra o que aconteceu, você está lutando contra a realidade, contra o que é.
Ao criar a ilusão de que fazendo algo para suprir o que faltou no passado, no presente, fará esse vazio ser preenchido você está anestesiando o luto (a tristeza, o medo e a raiva) em aceitar que você não teve o que precisava e que você não tem o poder de voltar no tempo e preencher esse vazio.
Não é possível mudar o que aconteceu ou deixou de acontecer. No entanto, é possível mudar a relação que você tem com a memória do que aconteceu ou deixou de acontecer.
O estado de ego infantil é a arqueopsique no ser humano, o depósito de experiências não integradas do passado. Na minha pesquisa, alimentar 'a criança' não contribui em empoderar e criar mais autonomia e espontaneidade na pessoa, pelo contrário, você se estagna no passado.
Venho descobrindo que um dos fatores de Cura está em processar o que não foi processado e aprender habilidades que não foram aprendidas. Como adulto, você quer que o estado de ego infantil encolha, para que haja mais espaço para o seu coração, para o adulto em você, agir e criar o que você quer criar no Mundo.
O que não aconteceu é como um oco, um vazio. Esse vazio gera ondas em todas as direções até o presente momento. Você não sabe o que é, parece como mercúrio, você não consegue realmente pegar, mas você sente que algo está sempre faltando em você, esse não 'suficiente'. O seu coração parece não ter espaço.
No meu processo de cura pessoal e nos espaços que amparo para as pessoas no meu círculo eu descobri três pilares fundamentais para a Cura do que faltou e para descontaminação do Estado de Ego Adulto: Empty Vacuum Process, Auto-observação neutra e Prática de novas habilidades.
1.Empty Vacuum Process
"Tem momentos, quando estou amparando espaços para Processo de Cura Emocional, que eu chego a um ponto cego, e não sei qual caminho tomar.
Por exemplo, em um processo uma pessoa visitou quando ela tinha 11 meses, ela estava sozinha no berço, chorando e chorando, em desespero, ela chamava pela mãe, ninguém apareceu por horas. O
ponto inicial que essa pessoa trouxe para a sessão foi 'eu não posso, eu não consigo o que eu quero'. Me parece que me falta algo quando estou amparando espaços para esse tipo de processo. Parece que a pessoa não consegue completar o ciclo porque foi uma fase pré-verbal em que ela não fez uma decisão em palavras."
Esses espaços de cura proporcionam a possibilidade de você descobrir sua própria experiência, descobrir o que faltou e expressar as emoções relacionadas. Em paralelo, é valioso também criar espaços de escuta para você expressar o luto do que faltou para você como criança.
Negar o que faltou, ou tentar mudar, suprindo hoje o que faltou no passado não funciona.
Um caminho alternativo é reconhecimento. É pintar a experiência de como foi não ter essas coisas. Ir através da crosta do estado de ego parental (não sinta, não pense, não expresse, não exista, não experimenta, não toque), que suprime para baixo do oceano o estado de ego infantil, e ir através do processo de deixar as energias que estão suprimidas serem expressas. Isso acontece quando o Spaceholder consegue amparar um espaço vazio e de vácuo.
Janet Redmond tem uma longa e profunda pesquisa e experiência em amparar espaço para esse tipo de processo e também para descontaminação e de confusão no estado de ego infantil. Ela vem aprofundando e criando uma forma de cura que dei o nome de Empty Vacuum Process (Processo Vazio de Vácuo). Eu gravei uma entrevista com ela sobre essa temática. Ela descreve em detalhes, possíveis abordagens que emergem de sua pesquisa. Segue abaixo alguns trechos.
Um modelo que vem me empoderando a navegar por espaços vazios e de vácuo é o modelo Keyhole diagram que Richard Erskine desenhou. Ele escreve sobre estilos de enfrentamento e contato com vulnerabilidade em relação ao reconhecimento e valorização do significado do que faltou.
Você, como detentor do espaço, precisa estar em sintonia com as necessidades relacionais que não foram supridas no cliente. Você precisa fazer uma investigação fenomenológica com a pessoa.
Fenomenológico significa voltar à experiência, voltar ao que aconteceu. Neste caso, você está navegando no que não aconteceu, no que faltou.
EHP's (Emotional Healing Process) funcionam muito bem para curar o que aconteceu.
EVP's (Empty Vacuum Process) funcionam muito bem para adereçar o que não aconteceu.
Quando você está reservando espaço para um processo vazio de vácuo, você está procurando pelas lacunas, pelos gaps, pelo o que não aconteceu.
Que tipo de perguntas você usa para descobrir as lacunas?
Eu uso minha sensibilidade e minha própria experiência para escanear as partes do que as pessoas estão falando que não encaixam, que estão off. Eu uso minha própria experiência da pessoa que estou amparando espaço para. 'Que impacto essa pessoa está tendo em mim? O que eles estão transferindo para mim, para que eu possa refletir de volta para ela?'
Quando uma pessoa na sessão, por exemplo, está constantemente confusa na comunicação, eu pergunto ‘Quem na sua família era claro e calmo?’
Ou quando o cliente fala pra dentro, quase sussurrando. A sua sensação interior, enquanto ampara o espaço, pode ser algo como mercúrio, como se “não houvesse nada em que realmente se agarrar”. Então eu uso a minha experiência dessa pessoa. Eu uso o domínio contra transferencial, como é chamado em termos psicológicos.
Transferencial significa quando você está sendo uma tela vazia onde o cliente pode pintar sua própria experiência. Contratransferência é quando você usa a reação que a pessoa causa em você para o que você diz a seguir. É quando você usa sua própria experiência como amparador de espaço para dar o próximo passo. Então, quando a pessoa não está tendo nenhum impacto sobre mim, isso é uma pista.
Como você transforma sua reação em algo valioso para o espaço? O que você faz para não projetar suas próprias coisas?
No início era pura projeção da minha parte, como uma nova praticante eu não sabia o que era meu e o que era deles, então meus clientes estavam constantemente me espelhando eu para mim mesma. Com o tempo, fazendo processos de cura em mim, eu comecei a ter mais espaço para não reagir e projetar minhas próprias emoções.
Em uma sessão, quando uma pessoa começa dizendo:
Tive uma infância fantástica, maravilhosa. Tudo estava perfeito. Meus pais fizeram o melhor que puderam para cuidar de mim.
O que foi tão maravilhoso na sua infância?
Bem, você sabe, eu consegui tudo que queria. Meus pais fizeram o melhor que puderam.
(Sim, eles podem ter feito o melhor que podiam. E não é o que eles fizeram de melhor que estou procurando. Caso contrário, você não estaria aqui. Certo?).
Então, isso foi maravilhoso, você conseguiu tudo que queria. Diga-me uma coisa que não foi tão maravilhosa assim. (Então você pode abrir uma comporta)
Você sabe, estava tudo bem (Fine).
Você quer dizer fodido, inseguro, neurótico e emocional? Isso é bom?
Portanto, a fenomenologia está voltando ao passado. Alguns exemplos de questões fenomenológicas são:
Quem te acompanhou da escola para casa?
Quem leu histórias para você antes de dormir?
Quem foi com você no parque?
Quem esteve com você, quando seus pais estavam brigando?
Quem esteve presente com você quando seu amigo te humilhou na escola?
Quem você pode abraçar quando se sentiu triste?
Você começa a farejar pelas perguntas às quais a resposta é 'Ninguém'.
Ninguém esteve lá para me proteger quando fui abusada...
Depois de ouvir a história, você conhecerá as lacunas e começará a farejá-las. É uma nova habilidade a ser desenvolvida como amparador de espaço.
Eu também busco pela construção da linguagem, isso é sintonização cognitiva. Quando uma pessoa não coloca o sujeito 'Eu' nas frases, por exemplo. Estou pensando em termos de desenvolvimento também: “Uau, aos dois anos… ou três. Imagine uma criança de três anos ouvindo seus pais discutirem, quão assustador.”
Você tem um papel fundamental de reconhecer as emoções que eles cortaram.
“Você disse que chorava sozinha à noite, até dormir. O que você fazia quando ia para a cama à noite e chorava?
Bem, o meu gato vinha para a cama. Eu me abraçava com meu gato.
O gato venho até você, e qual humano venho?
Ninguém.
Parece que você encontrou um substituto para os seres humanos. Você aprendeu a se sentir triste sozinha. (Aqui você reconhece e reflete de volta o que acontece). Você chorou até dormir. (E então você traz validação do que aconteceu). Que triste que não exista um humano para estar com você nessa tristeza, que imagem solitária. (E é importante criar um espaço em que é ok que a pessoa fez o que fez) Não é à toa que, se não houvesse nenhum humano disponível, você procurasse um substituto.
Esse tipo de espaço de Cura não é tanto sobre as palavras que você diz. É sobre a qualidade energética do espaço que você sustenta para a pessoa descobrir sua própria experiência e sentir.
É sobre você estar envolvido com toda a sua presença. “Nossa, que assustador ficar tão assustado e sozinho. Não há nada mais assustador do que ficar assustado só”.
Você está entrando no lugar dessa pessoa e pode sentir na pele dela o mundo dela. Você aceita tudo o que é. Você veste a pele dela por um tempo. Requer uma curiosidade em descobrir como é o universo dessa pessoa.
E.V.P é sobre você ser um espaço onde o outro tem a possibilidade de se tornar o artista que pinta o seu próprio quadro.
A cura não é linear, a cura acontece no agora, você precisa estar completamente presente. Por um lado é mágico e por outro é prática. É a magia de um artista ajudando outros artistas a pintar o seu quadro, o retrato da sua experiência.
Esse tipo de processo, é como criar um álbum de fotos que nunca foram tiradas. Você não tem uma foto de alguém sentado ao lado da sua cama enquanto você está com febre, se isso nunca aconteceu.
Quando um fotógrafo está em uma sala de revelação, ele coloca a fotografia em uma solução, o negativo, e a partir dessa solução, a imagem ganha cor e fica mais nítida. Como spaceholder para esse tipo de processo, é isso que você está fazendo. Você está sendo a solução negativa para que seu cliente possa ver com nitidez as lacunas do que faltou. E a partir disso expressar o luto (tristeza, medo, raiva). O fantasma faminto começa a ser visto e honrado, como consequência ele começa a se acalmar. Aos poucos mais espaço no coração começa a ser criado. Você tem mais espaço para estar presente e para se observar e para amparar espaço para suas necessidades.
“A auto-observação leva o ser humano à compreensão da necessidade de auto mudança. E ao observar a si mesmo, o ser humano percebe que a própria auto-observação provoca certas mudanças em seus processos internos. Ele começa a compreender que a auto-observação é um instrumento de mudança pessoal, um meio de despertar.”
―George Gurdjieff
Como eu observo? O que eu uso para observar?
O que noto primeiro quando falo com uma pessoa, ou quando entro em um espaço, quando olho para uma obra de arte, quando abro um livro?
A atenção direciona a observação. Onde sua atenção está alocada é onde sua observação está sendo direcionada.
Auto observação significa alocar parte da sua atenção em você, no seu mundo interior. Isso significa que você precisa dividir a sua atenção. 5 a 10% da sua atenção fica direcionada a alguns aspectos internos, enquanto você continua a viver normalmente sua vida.
Auto observação não significa estar fora de você, olhando você de fora como se você fosse separado de você. Isso é dissociação. A auto observação acontece dentro. "Minha respiração está curta, meus dedos estão se movendo enquanto digito, minha barriga está contraída, eu estou apagando e reescrevendo, estou pensando que você não entende o que estou falando, percebo que sinto medo sobre não estar sendo bom o suficiente esse artigo....". A auto observação acontece no aqui e no agora.
Você pode escolher alocar sua atenção em inúmeros aspectos, como por exemplo:
o que você diz.
o que você faz.
o que você pensa.
o que você sente.
suas sensações
suas tensões.
suas intenções.
suas posturas.
suas imposturas.
suas realizações em comparação com o que você promete.
seu senso das coisas.
seu incenso sobre as coisas.
o que te ofende.
o que ofende os outros em você.
o que em você é alimentado ao ofender os outros.
No processo de descontaminação do estado de ego adulto Auto observação neutra é uma das principais habilidades. Através dessa habilidade você tem a possibilidade de se divertir com suas descobertas sobre si mesmo, ao invés de entrar no pântano e autocrítica.
Nesse site tem uma série de práticas valiosas com as quais você pode praticar esse músculo.
3. Aprendendo e Praticando novas Habilidades
―Miki Kashtan
Cultivar o espaço no seu coração para o Estado de Ego Adulto é cultivar espaço para você estar no seu poder completo e manifestar o seu Destino em ação.
Quando você aprende novas habilidades você acessa mais poder, porque você se torna mais capaz de mobilizar recursos para atender necessidades.
Se você aprende a habilidade de criar vídeos, você se torna capaz de mobilizar recursos para atender a sua necessidade de se tornar visível e facilitar que as pessoas encontrem o que você cria, por exemplo. Se você aprende a habilidade de fazer propostas e convites, você se torna capaz de mobilizar recursos para atender a sua necessidade hoje de criar mais conexão com outros seres humanos. Se você aprende a habilidade de pedir pelo que você precisa, a próxima vez que você se sente triste ou confuso, você é capaz de ligar ou escrever para alguém "você está disponível para 20 minutos de escuta?"
Aprender habilidades é diferente de aprender ferramentas.
Aprender ferramentas não requer necessariamente que você vá através de um estado líquido. Não requer que você mude quem você é. Você pode aprender a usar um martelo, uma furadeira, Mandala Ikigai, Roda da Vida, Loop de Completude, Comunicação não Violenta e continuar sendo a mesma pessoa.
No entanto, quando você aprende uma nova habilidade, a forma do seu Ser muda. Para adquirir novas habilidades, você precisa atravessar o estado líquido.
Quando eu desenvolvi a habilidade de falar em frente a câmera, a forma do meu Ser mudou, eu me tornei mais espontânea, mais centrada, eu passei a ser menos tímida e eu parei de guardar para mim as coisas que descubro.
Quando aprendi a pedir pelo que preciso e quero, eu atravessei um grande estado líquido. Eu me tornei mais aberta, eu me tornei uma pessoa que chega em um café e pede por algo que não está no menu, eu me tornei uma pessoa que viajou para Indonésia e bateu na porta da casa de 4 pessoas desconhecidas e pediu por um lugar para dormir por 4 noites em troca de ajudar com a plantação de arroz.
Uma habilidade fundamental que contribui imensamente no processo de Cura do que faltou, é você aprender a alimentar seus 5 corpos e amparar espaço para o que você precisa agora.
Há um tempo atrás estive viajando sozinha, em Bali, e eu sofri um acidente de scooter. Não foi nada tão grave, não precisei ir ao hospital nem nada. Foi assustador não ter ninguém próximo e conhecido comigo.
Nos primeiros 5 dias depois do acidente, meu corpo estava bem dolorido, meu corpo me pediu para ficar o tempo todo na cama, deitada. Eu precisei pedir por quase tudo para pessoas desconhecidas que estavam no hostel: para comprarem comida para mim, para pegarem água, para irem à farmácia comprar um remédio. Esse foi o extremo para mim, pedir tantas coisas básicas para desconhecidos.
No segundo dia de cama, estava sentindo dor no corpo físico e emocional, estava passando por um caos interno, eu decidi ligar para uma amiga e disse "eu preciso de 30 minutos para expressar tudo que está aqui, para reclamar, xingar, me fazer de vítima. Você está disponível para isso? ". Às vezes isso é tudo que a gente precisa.
Isso foi possível porque venho praticando nos últimos 2 anos amparar espaço para os meus 5 corpos.
Uma forma divertida e eficaz de praticar uma nova habilidade, é montar um time para isso. Você escolhe a habilidade que você quer praticar, você convida pelo menos 2 pessoas, cria um grupo, combina a frequência dos encontros e duração. Vocês se encontram, fazem exercícios, dão feedback e coaching uns aos outros. Pode ser uma habilidade física ou técnica, como aprender a fazer fogo, ou cozinhar, ou tocar um instrumento, ou pode ser uma habilidade interna, como reconhecer as necessidades dos seus 5 corpos, escutar outra pessoa, expressar seus sentimentos, ou auto observação.
Palavras Finais
A Jornada de Descontaminação do Estado de Ego Adulto leva anos de trabalho e pesquisa interna. Essa jornada pode ser assustadora, intensa, divertida, recompensadora, profunda e ampliadora de horizontes.
O terreno de pesquisa de Descontaminação do Estado de Ego Adulto é grande. Se você está progredindo nessa pesquisa te encorajo a compartilhar suas descobertas por toda parte.
Com Amor,
Gabriela Fagundes
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